quarta-feira, outubro 10, 2007

Puzzle love

A mãe perguntou:
----- Por que você tem tanta necessidade de sair? Por que precisa sair toda à noite?
E ele respondeu:
----- Eu não sei porque, mas tenho a impressão de que vou morrer muito cedo.
Considero essa uma das peças do quebra-cabeça, apenas uma delas... desse quebra-cabeça que me intriga tanto a ponto de querer montá-lo. Um pequeno fragmento dessa personalidade que incita minha curiosidade.
Creio que todo ser humano tem lá seu quebra-cabeça pessoal, alguns menos embaralhados que outros. Agora... por que é justamente esse que desperta meu interesse? Com certeza essa é uma resposta que nem eu sei responder, apesar de ter a certeza que a resposta revela minha mais profunda intimidade!

Das antigas

Tantos pensamentos sobrevoam minha mente e não sei com que palavras começar esse texto... faz tanto tempo que não escrevo, faz tanto tempo que não penso sobre minha vida. Ocupava-me em viver e acabei esquecendo de ser. Me deixei conduzir pela ordem inexorável dos dias, pela anestesia disfarçada de rotina, que muitas vezes nos furta os sentidos e reflexões, afastando-nos de nós mesmos ou nos adequando a uma realidade pseudo- estável e regrada.
Mas quando a rotina me foi repentinamente furtada, fui delicadamente dispensada das obrigações por ela incumbidas, fui obrigada a deparar-me comigo mesmo. E quão linda não sou? E quão linda não é a liberdade dos pensamentos livres do condicionamento rotineiro? Ah reflexões, que saudades estava de ti! Ou melhor, não estava com saudades, estava ocupada em viver e mal lembrei de vocês! Mas agora que vocês voltaram... percebo o quão rica deixam minha existência. Minha mente borbulha e sinto vontade de escrever, desaguar minha erupção cerebral numa verborragia delirante.
Sinto que agora me tornei tudo aquilo que sonhei pra mim um dia, que estou pronta para concretizar os ideais do passado, mas agora não sei mais se é isso que eu quero! Será isso a vida? Uma eterna espiral de novas e novas descobertas... como se houvesse sempre uma caixa dentro da outra e dentro da outra e dentro da outra e dentro da outra....... Não me importo, contanto que as continue abrindo!
Nesse mar de opções que nos leva, quero apenas fortalecer minha jangada para que ela não se rompa na primeira tempestade. Tenho comigo a virtude do amor, a gratidão pelas pessoas que fazem ou fizeram parte da minha vida... sabedoria conquistada a duras penas, depois de anos convivendo com o martírio da inveja, da frustração, corroendo e envenenando a minha mente!
Levo comigo a crença na humildade, na árdua construção das coisas, na disciplina. Também carrego  a preguiça, a displicência, o tédio, o caos hormonal, a carência, os desejos carnais e um indisfarçável interesse pela marginalidade, onde eu insisto em ver um certo charme!